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VAI, BRASIL!

por feldades, em 22.06.18

São exatamente sete horas da manhã de quinta-feira. Estou numa sala de aula fria e sem alunos quando ligo um pequeno notebook. O antigo, o ‘titular’, começou a falhar, como têm falhado os titulares das seleções que espraiam nos gramados russos nesta Copa – exceto o CR7.

 

Um professor entra na sala e faz breve reflexão sobre a vida, o trabalho, os embaraços da profissão e fala também sobre o abandono da educação, o desperdício de material didático etc. Livros caríssimos são descartados ainda dentro da embalagem – assim ele os recebe em uma fábrica de papelão onde trabalha à noite. Não fala sobre a Copa do Mundo, mas lamenta o mau humor dos brasileiros. Após breves e introspectivas lucubrações, conclui: “As pessoas estão amarguradas”. Concordo com o colega e volto ao teclado.

 

Por falar em Copa do Mundo, no segundo dia de jogos, eu estava na casa de um amigo, a quem visito regularmente, quando na TV passava Portugal e Espanha. Contra o esquadrão espanhol havia Cristiano Ronaldo que, sozinho, marcou três gols, empatando a “bagaça”. Alheio ao jogo, o meu amigo fazia perguntas, que eu respondia sem que ele compreendesse a resposta. Então ele repetia a pergunta e eu repetia a resposta para, enfim, dar-se por satisfeito.  

 

Havia também na sala dois jovens – um deles, neto do meu amigo. A certa altura, um dos rapazes, não o neto, perguntou: “Que dia o Brasil vai jogar contra a Suécia?” “Não é contra a Suécia, é contra a Suíça, corrigiu o neto” “Ah, não é a mesma coisa?... Pensei que fosse. Como começa com ‘s’, eu me confundi”, tentou disfarçar a gafe.

 

O jogo seguia: Cristiano Ronaldo contra o resto. O rapaz, agora refeito do vexame anterior, pareceu-se surpreso com uma tal ‘Arábia Saudita’, que jogaria a Copa. “Mas Arábia Saudita é um país? Pois eu não sabia. E onde fica a Arábia Saudita?” “Sei não, fica longe. Acho que é na África, né professor?”, respondeu o neto, pedindo reforço. “A Arábia Saudita fica bem longe daqui, depois dos mares, lá na Ásia. É um daqueles países cheios de petróleo”, acudi.

 

Na sala de aula, onde me encontro sem alunos e sem estresse, vou preenchendo formulários e, de vez em quando, testo meu computador. Não sei por quê, mas a tecla de ‘interrogação’ ficou amalucada e o sinal passou a sair de ‘ponta cabeça’. Aborrecido, pedi ajuda a uma professora, que resolveu o problema incontinenti. Obrigado, colega, porque agora posso voltar a ser feliz! 

 

Na sala de computadores, alguns alunos, que deveriam fazer pesquisas, divertem-se nas redes sociais. Um assiste a uma série, uma está no Facebook e outra, a meu pedido, pesquisa figuras planas: quadriláteros e triângulos. Os desenhos todos tortos, mas... eu me contento com pouco.

 

De súbito, um ‘fúnqui’ brota forte de um daqueles computadores e eu fico apavorado. Desligo o notebook e deixo a sala, lançando sobre todos um olhar severo, de quase maldição.  

 

Já em casa, assisto ao segundo tempo de Argentina e Croácia. Sofro porque torço pelos latinos, que sofrem em campo. Os croatas marcam o terceiro e os hermanos perdem o jogo e a cabeça.

 

Sexta-feira de manhã. Saio pelas ruas desertas, a cidade está silente. Na TV, a voz rouca e ufanista do “babão” deve estar narrando o jogo contra os costa-riquenhos; no gramado, meu xará abre o placar para o Brasil e o “brega júnior” amplia. Agora, sim, o Brasil vai para frente. Com este Brasil indo, eu prefiro voltar. Mas voltar para onde, se “Minas não há mais”?

 

FILIPE

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O PAPA CONTRITO

por feldades, em 09.06.18

Vivemos um tempo de aguçada polarização ideológica com duas vertentes contrapostas: “gente do bem” versus “gente do mal”. Ironicamente, os autodenominados “do bem” se parecem mais malévolos do que seus adversários supostamente “do mal”. E de uns tempos para cá, aquele antagonismo histérico, que se estabelecera na seara política, migrou para a religião. É o que assistimos particularmente entre católicos, onde os ânimos estão cada vez mais exaltados. A CNBB e o Papa Francisco têm sido continuamente atacados pelas tais “hostes do bem”.

 

Chama atenção o episódio envolvendo casos de pedofilia no Chile, praticado por padre e acobertado por bispo. A pedofilia, essa pestilência putrefata incrustada na humanidade desde tempos imemoriais, também está presente na Igreja. E o clero católico, embora humano, tem o divino dever de ser exemplo para seus fiéis e jamais poderia condescender com o crime. Mas no caso do Chile, o Papa Francisco tem sido injustamente acusado de omissão. Houve até quem dissesse, em homilia, que “se fosse com João Paulo II, isso não ficaria assim!”, fazendo uma comparação deselegante e injusta desses dois grandes pontífices.

 

O fato é que, quando as primeiras denúncias de abuso sexual chegaram ao papa, ele não as acolheu de imediato. Mas assim que soube de sua veracidade, Francisco penitenciou-se publicamente, recebeu vítimas no Vaticano, convocou o episcopado chileno para esclarecimentos, escreveu uma carta ao povo daquele país pedindo perdão e prometeu apurar os malfeitos, punindo os malfeitores. Mais tarde, em visita ao Chile, o papa voltou a pedir perdão aos fiéis, expressando ‘vergonha’ e ‘dor’ – fato registrado pela televisão portuguesa (RTP). Mas os desafetos da Igreja falseiam a verdade, afirmando que o Papa Francisco fora pressionado pelas vítimas e, somente por isso, apresentou “pedido desculpas”.

 

Não é preciso ler ‘dois livros’ nem ter ‘vida eremítica’ para saber algo tão elementar na vida de um cristão católico. Primeiro: em seu pastoreio, um papa jamais age sob pressão humana, mas sempre sob ação do Espírito Santo – daí o dogma da ‘Infalibilidade’. Segundo: um protocolar pedido de desculpas não tem a força de um solene pedido de perdão.

 

Pois o magnânimo Papa Francisco, avesso a pressões humanas e divinamente inspirado, pediu perdão ao povo chileno. Que seja duradouro o primado desse abençoado pastor!

 

FILIPE

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