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PAPAI, AOS NOVENTA!

por feldades, em 20.11.20

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ESTÓRIAS SOBRE GUARDA-CHUVAS

por feldades, em 07.11.20

Entrado em anos, não me lembro de períodos tão longos de seca como acontece atualmente. Quase não chove mais. Antigamente chovia e chovia muito. Tanto é verdade, que naquele tempo quase ninguém saia de casa desprevenido. O guarda-chuva era peça quase obrigatória do vestuário masculino e a sombrinha embelezava as mulheres. Conheci um homem que nunca andava sem o seu guarda-chuva.  Ele o encaixava no ombro (não sei como conseguia fazer aquilo) e assim caminhava pelas longas estradas empoeiradas ou barrentas do meu sertão. É... ninguém de “juízo perfeito” saía de manhã para voltar à tarde sem levar consigo o “morcegão”.

 

Na minha casa havia um único guarda-chuva, que meu pai costumava deixar para nós, porque embaixo dele devia caber uns três moleques, ou mais. E ele se virava protegendo-se da chuva com um ‘saco de aniagem nas costas’ – uma peça conhecida por nós como “saco de mauá” ou “saco de linhagem”, que parece não existir mais.

 

Certa vez meu pai comprou um guarda-chuva novinho e eu quis levá-lo para a escola. Aconteceu que os colegas de classe também levaram seus “morcegos” e, terminada a aula, cada um pegou o seu e se mandou para casa. Eu já estava longe quando lembrei do meu e voltei para pegá-lo. Sim, ele estava lá me esperando. Só que, quando cheguei em casa, papai ficou bravo comigo: “Este não é o guarda-chuva que comprei semana passada. O meu era novinho e este já está bem usado. Olha a ponta dele...” Olhei e vi que a ponta do guarda-chuva estava desgastada. Talvez o seu antigo dono gostasse de fincá-lo no chão, fazendo dele uma bengala. Mas não tive como reaver o novo e ficamos com aquele velho mesmo.

 

No dia em que fui receber meu “diploma” do curso primário, estava chovendo. Chegando ao arraial de Vilas Boas, onde haveria a cerimônia de entrega do certificado, eu estava “armado” de um guarda-chuva. Eu ia todo feliz quando veio um “pé de vento” e me rodopiou, fazendo de meu “amigo” uma espécie de paraquedas. O vento quis tomá-lo de mim e eu resisti. Ele puxava para cima, eu puxava para baixo; ele puxava para um lado, eu puxava para o outro. Quando eu ia desistir, porque eu já estava quase subindo aos céus, houve uma pequena explosão e meu guarda-chuva virou do avesso. Não fosse o papai, eu teria me molhado todo e ainda teria que carregar aquela coisa com estranhas entranhas de barbatanas à mostra.

 

Tem mais. Numa sala de aula, uma aluna nunca me perguntava nada sobre a lição. Mas certa vez ela levantou a mão. “Oba, hoje ela está afim de perguntar”, pensei e parei o que eu estava fazendo para atendê-la. “Pode falar”, eu disse.  Ela: “Né nada não, professor... É que meu pai conserta guarda-chuva”. Fiquei sem o que dizer e continuei minha aula. Passado um tempo, eu já nem me lembrava mais do episódio, novamente uma mão se levanta. “Oi, diga!”, acudi depressa. Ela: “Ah, esqueci de falar. Meu pai pega o guarda-chuva na sua casa, conserta e leva de volta pra sua casa também”.

 

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