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O DONO DO MUNDO?

por feldades, em 26.01.25

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Sim, ele ganhou as eleições, tem maioria no legislativo e na corte suprema e agora pode mandar no mundo todo (ou quase) e decidir a vida de todos nós: a minha, a sua e a de seu cunhado – sabe quem é, né?... Pois então, até na dele. O preço da comida, do remédio, da sepultura...  tudo isso será radicalmente afetado daqui pra frente em razão dessa eleição. Isso porque uma legião de magnatas, os donos das tais big techs, cujo patrimônio somado supera muitas vezes o PIB brasileiro, darão as cartas no governo de Donald Trump. E o chicote já começou esquentando o couro de imigrantes, que estão sendo deportados como se fossem terroristas. Além dos “açoites”, as algemas nas mãos e nos pés evocam a triste lembrança do tráfico de africanos escravizados.

Pausa para estes dados do Instituto Akatu: “Em 2006, os 65 países com maior renda, que somam 16% da população mundial, foram responsáveis por 78% dos gastos em bens e serviços. ‘Somente os americanos, com apenas 5% da população mundial, abocanharam uma fatia de 32% do consumo global’. Se todos vivessem como os americanos, o planeta só comportaria uma população de 1,4 bilhão de pessoas”.

Numa continha de botequeiro, imagine que num boteco haja vinte pessoas de várias nacionalidades, dentre elas, um norte-americano e dois europeus. Na estufa há vinte pastéis a serem distribuídos, sendo um pastel pra cada cliente. Só que “deu ruim”.  O americano avançou em seis pastéis pra comer sozinho; os dois europeus pegaram cinco cada, sobrando apenas ‘quatro pastéis’ na estufa para matar a fome de ‘dezessete pessoas’. Fui didático?

Observe que as informações acima são bem antigas, e isso significa que os dados atuais devem ser ainda mais obscenos. Como se não bastasse essa odiosa estatística, os mandachuvas estadunidenses ainda querem aumentar sua participação no consumo, deixando à míngua todo o resto da população. O pior é que muita “gente boa”, que lê bíblia ou reza terço, apoia aquele Calígula, que pode ser também Herodes, Nero ou Lúcifer

Trump e sua trupe sabem que o futuro do planeta está no hemisfério norte, bem no Ártico, e que o aquecimento global fará com que aquelas terras sejam agricultáveis e os mares navegáveis. Num futuro próximo, a vida será por lá, não aqui, e não à toa o ‘ogro’ tem ameaçado anexar o Canadá, invadir a Groelândia e rosna para a Rússia. Eu disse Rússia? Ah, sim, ela mesma. Só que ali a coisa é bem mais complicada pra ele, sabe por quê? Porque os russos têm armas nucleares, e nessa beligerância, apenas quem tem arsenal nuclear tem soberania. Prova disso é que a minúscula e miserável Coréia do Norte não é incomodada por ninguém, nem por Trump. Quem tem coragem de tocar numa casinha de marimbondo?... Pois bem, os norte-coreanos são marimbondos.

Talvez o Trump, já um trapo, não saiba que todos morreremos. Hoje todo-poderoso, amanhã será lavado e trocado por um imigrante latino (os nativos de lá não fazem esse serviço); depois de amanhã será pasto para os vermes, e a soberba não o salvará desse “final feliz”.

Termino parafraseando Mário Quintana, o Poeta das Coisas Simples: ‘Trump, sua trupe e sua tropa, que estão atravancando nosso caminho, passarão; nós passarinho”.

FILIPE

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O CAÇULINHA

por feldades, em 12.01.25

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Esse é o Samuel, meu irmão caçula, que literalmente acaba de completar ‘quarenta e cinco janeiros’. Nem dá pra acreditar que o moleque, nascido outro dia mesmo, atingiu a maturidade e já tateia os “umbrais da velhice” (brincadeira, Samuca). 

Dos treze partos de minha mãe, o do caçula foi o único feito na maternidade; os demais foram assistidos por parteiras ou pelo meu pai. Por isso mesmo, eu costumava assombrar esse mano com uma dúvida: “Será que não trocaram você no hospital?...”

O Samuel teve uma infância pobre, como os demais manos tivemos, mas foi sempre muito amado e feliz. Interessante que ele, quando menino, nunca usou calças curtas. Eu olhava aquele pirralho num misto de dó e mofa: ele parecia um velhinho em miniatura com aquela calça comprida de tergal e camisa social. No entanto, o porquê disso será omitido aqui.

Esperto, desde muito novo já faturava uma graninha como “menino da porteira” na Santa Montanha onde morava. Ao ouvir o som de um motor, corria para abrir a porteira que tinha na estrada perto de casa. Alguma boa alma lhe lançava uma moeda; outras apenas um ‘muito obrigado’. Mas ele não desistia.

O tempo passou e o caçula ficou moço e foi para a cidade grande tentar melhorar a vida. Certa vez o encontrei meio esbarrado com a vida porque os bicos que fazia não lhe rendiam muita coisa. Então sugeri que fosse trabalhar como servente de pedreiro.  Aliás, não sei por quê, mas tenho mania de recomendar essa profissão a muita gente. Volta e meia estou dizendo: “Por que você não vai trabalhar de servente? Pedreiro ganha bem e tem alta autoestima. Alguém já viu um pedreiro triste, desanimado com a vida? Eu nunca vi. Então, você que é jovem e saudável, vá ser pedreiro pra ser feliz!”

Mas o irmãozinho não topou. “Ah, tá... Você passa o dia inteiro segurando o peso de um giz e quer que eu carregue uma enxada?!” – protestou. O Samuel não virou pedreiro, mas foi motoboy, balconista, entregador de ração e... agora é barbeiro – como demonstra a foto que abre a crônica, feita em julho passado numa visita surpresa que lhe fiz. 

Houve um tempo em que o mano até tentou estudar, matriculando-se num supletivo. Todavia ele não deu conta do curso. Após o trabalho, ele chegava todas as noites na escola com seus livros e cadernos, mas a coisa não avançava. Havia uns caras atrapalhando a aula e um, mais atrevido, desafiava a professora. Pra não ter que sair no tapa com o moleque, o Samuel saiu da escola e nunca mais voltou. 

Mesmo com pouco estudo, esse irmãozinho sabe muito. Conversar com ele é um aprendizado. O homem discute desde assuntos mais comezinhos até coisa mais complexa como geopolítica. Posso afirmar que o nosso caçula é o mais bem informado dos irmãos, e que ele está bem à frente de muitos desses “doutores” que empesteiam as redes sociais.

Sem precisar pegar na enxada, aos 45, o Samuel ganha dignamente a vida usando tesoura e “roçadeira” na cabeça dos caboclos que o procuram na Barbearia Vip. Ele disse que esse é o fim da primeira etapa do jogo e espera cumprir o segundo tempo, seguindo o papai. E como o papai, há de haver acréscimo.

FILIPE

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