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Parece que pouca coisa mudou nesse tempo, meu amig...
Muito bem, Felipe! O Zé Lopes era danadinho. Com o...
Embora com menos idade do que você, mano, diferenç...
Um tema muito importante e bastante atual. Obrigad...
Triste é ver que de la pra cá as coisas não mudara...
São três horas da manhã e perdi o sono. Estou na cama que foi de meu pai, ao lado da cama da minha mãe. Mamãe também está acordada.
Na parede do corredor que dá acesso à cozinha, outra fiel companheirinha do papai também parece não dormir, esperando pela volta dele. Ali, ela permanece quieta e em silêncio, sem saber ou fingindo desconhecer que há idas sem vindas.
Foi nesta cama, às duas da madrugada, que certo dia meu pai me chamou. Isso aconteceu há pouco mais de três meses. Insone e em crise respiratória, papai me pediu socorro. Ele me acordou e ligou para a minha irmã logo em seguida. Levantei, cheguei no quarto e ele ainda falava com a filha: "Preciso de ajuda!" Pela primeira vez na vida, dei bronca no meu pai: "Se estou aqui, por que foi acordar a menina?!".
Não, não se deve repreender os pais, principalmente um pai como aquele que tive. Eu ainda pensava nisso quando ele me olhou com olhos tristes e aflitos, dizendo: "Eu não estou conseguindo respirar!" Enquanto dizia, tentava me mostrar quão difícil estava sendo aquele momento. "Venha, ponha seu ouvido aqui e ouça!", ele disse, abrindo a camisa e me pedindo para que auscultasse seus pulmões. Então eu me aproximei e, pela primeira vez, encostei minha orelha naquele peito magro, flácido e quente. "Não parece que tem um gato chiando dentro de mim?", ele quis saber. Sem convicção eu disse 'não', porque queria confortá-lo de alguma forma.
A minha irmã chegou e foi para o fogão fazer um chá. Antes de ela chegar, ele já havia me pedido para procurar um pezinho de camomila que teria plantado no quintal. Papai me seguiu apontando a lanterna de seu celular, mas não encontramos nada além de uns matos sem função medicamentosa.
Feito o chá, papai o tomou ainda quente e se sentiu melhor. Voltou para a cama, mas não se deitou. Ficou sentado por uns minutos e depois resolveu passar aquele resto de noite numa poltrona, ao lado de minha cama.
Dois dias depois, papai seguia para o hospital, deixando para trás a sua casa, a sua cama, a sua história e a sua bengala.
FILIPE
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