Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]


DESASSOSSEGO

por feldades, em 08.01.16

Gosto de ler seus textos, mas aqueles que falam de seu povo, de sua terra e não esses sobre política. Continue contando a história de suas gentes.” Ouvi, quase envergonhado, o desabafo de minha amiga e leitora, mas sinto muito por decepcioná-la ainda outra vez.

 

Não me apetece falar de política nem de economia, assuntos que não domino e sobre os quais não deveria meter a colher. Embora ignorante nestes e noutros assuntos, ouso pisar esse pântano de odor desagradável que me traga e me trai, e me desassossega. Também não costumo falar de política com amigos, melhor poupá-los de meus clichês. Neste espaço, porém, costumo dar vazão às minhas inquietações. E com a licença da amiga, vou prosseguir.

 

O meu desassossego fica por conta do recém-sepultado 2015, ano em que economia e política me deixaram aturdido. A agenda nacional foi de ódio. Nos bares e botecos, nos becos e sobrados, nas escolas e templos, nas cozinhas e nas alcovas não se falou doutra coisa que não fosse o ‘fla-flu do mal’ a que se tornou a política nacional.

 

O país está quebrado, sabemos. Os preços sobem e, como em tempos de guerra, há filas. Tenho presenciado algumas dessas infâmias, que são o diagnóstico dessa debacle. No supermercado há filas, principalmente no açougue e para comprar picanha. Nos caixas, mais fila, agora para pagar a picanha.

 

Segundo o noticiário de fim de ano, “jovens gastam 40 mil reais em uma semana na praia”. Na mesma reportagem, um empresário berra: “Urruh! A crise não vai acabar com nossa feeeeeeeeeeeeeesta!” Nos bares mais badalados também há crise. Morro de dó daquela gente, de pé, passando zap-zap, aguardando na fila o sinal verde para o chope com casquinha de siri. Assim é a vida..., fazer o quê?!

 

Há outras crises. Uma importante editora resolveu fechar as portas, demitir funcionários e dispensar autores e editores. Isso não é novidade. O inusitado fica por conta da forma como aconteceu. O dono fez com que todos fossem informados pela imprensa. Isso mesmo: foi pelos jornais que seus comandados souberam do infortúnio. O dito empresário também decidiu pôr à venda sua residência e “se mandar”.  O preço? “Apenas” 30 milhões de reais!

 

Ah, estava esquecendo do desemprego, que cresce assustadoramente! Mas, e a qualificação? Segundo pesquisas, um americano tem produtividade equivalente à de quatro brasileiros.  Não seria o momento de cada jovem brasuca levar à sério a vida, dedicando-se mais aos estudos e se profissionalizando? Procure um pedreiro, carpinteiro, encanador ou eletricista. Não os encontra e, quando os acha, custam o “olho da cara”. E também não temos técnicos!

 

No Brasil, conforme último levantamento do IBGE, há 6,8 milhões de jovens entre 15 e 29 anos denominados “nem, nem, nem”. Um contingente equivalente às populações somadas de duas capitais, Rio de Janeiro e Vitória, que NEM estuda, NEM trabalha, NEM procura emprego. Como o país vai sair do buraco com essa horda de vagabundos? E a culpa é da Dilma?

 

Mas querem o impeachment da presidenta para pôr o vice no lugar dela. Só que, segundo o Datafolha, 52% dos brasileiros não sabem quem é o vice-presidente. Que coisa doida, hein?...

 

FILIPE

Autoria e outros dados (tags, etc)


2 comentários

Sem imagem de perfil

Renato Pires de Godoy a 08.01.2016

Boa tarde, meu amigo Felipe! Quando eu era criança, minha mãe me dizia, que era pecado reclamar de "barriga cheia". Deus é tão bom, que apesar de tantas dificuldades que encontrei até hoje, nunca me faltou nada. Mas vejo por outro lado, o despreparo de muitas pessoas ao lidar com o dinheiro, no qual constantemente dão "o passo maior do que a perna". Na atual sociedade, que se baseia no consumo, a crise é ter dificuldade de não consumir o supérfluo.
Sem imagem de perfil

Everton Souza a 14.01.2016

Felipe, o nosso ex-ministro da educação, Renato Janine, tem afirmado amiúde que o brasileiro gosta muito de terceirizar tudo, inclusive a culpa. A culpa é sempre de quem governa, nunca os governados têm parte nisso. Sim, a economia vai mal, mas o senso de educação básica e de responsabilidade do nosso povo estão pior ainda. Não obstante o marasmo dessa geração improdutiva, temos, como nunca, uma uma política que os (nos) joga mais para baixo ainda. Acho que a presidenta é uma bastarda, mas mais bastardo ainda é, em geral, o povo brasileiro, que há muito leva a vida no estilo Zeca Pagodinho.

Comentar post



Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.


Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D