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MUDANÇA DE ASSUNTO

por feldades, em 04.07.20

tokinho.jpeg

“Somos descendentes de débeis mentais e essa é a minha preocupação. Por isso, peço a vocês para não ficarem falando de uma coisa só.”

 

Esse é o papai dando bronca em alguns de seus filhos num grupo de WhatsApp. Não sei o que houve, mas conheço bem o meu velho e já estou lhe dando a merecida razão. As estatísticas dizem que cerca de dez por cento da humanidade possui algum transtorno mental e, como lá em casa somos onze irmãos e eu não consigo ver nenhum tantã, esse número e a genética parecem apontar um dedo comprido para mim.

 

Então, seguindo o conselho de meu pai, eu estou mudando de ares, porque em postagens recentes fui monotemático. Desta vez não falar de escola nem dos pedagogos nem de política. Se bem que me dá uma coceira danada, porque hoje foi maçante. Mas vou falar de uma coisa mais prazerosa, vou falar do meu cãozinho Tokinho.

 

Todas os dias enquanto estudo, digito, elaboro atividades, gravo, ouço música, leio... o Tokinho me acompanha silente em seu bercinho redondo. Aqui neste cantinho, mais dele do que meu, ficamos horas e horas, cada um no seu mundinho. O mundo dele deve ser mais agradável do que o meu, porque ele não está preocupado com o coronavírus, nem com o Bozo e muito menos com aqueles 30 por cento do ‘capiroto’.  O Tokinho apenas quer um pouco de ração, água e atenção. Não, ele quer mais: quer dar umas voltas comigo por aí. Mas não está dando para sair à rua e eu já falei com ele algumas vezes, expliquei que tem uma pandemia nos perseguindo, que estamos em quarentena. Mas ele não entende ou finge não entender. No entanto, aceita.

 

De madrugada, quando me levanto e vou ao quintal para fazer alguns exercícios físicos, mentais e espirituais, o tokinho fica à espreita. Às vezes ele não me percebe e passa um tempo emburrado. Mas quase sempre ele sai de sua bacia e soca a porta para eu abrir. Ah, esqueci de falar: o Tokinho dorme trancado; ele e seus companheiros Pituka e Tiziu. Não posso deixá-los soltos à noite, porque a consciência ecológica deles é zero. Explico.

 

Eu costumo receber umas visitas insólitas. Outro dia houve um rufar ao longe, que foi se aproximando, aproximando, até que uma família de jacus parou a poucos metros de  minha janela. As mandíbulas do Tokinho poderiam alcançá-los caso ele estivesse lá fora. Já ontem vieram me ver dois saguis, parecendo ser mãe e filho. E tenho por perto também joões-de-barro, bem-te-vis, sabiás, rolinhas grandes, médias e pequenas e outros pássaros que não sei nomear. Enfim, há uma infinidade de seres, alados ou não, que passam ou vivem aqui e eu tenho que lhes garantir segurança, paz e a vida.

 

Aí, meu pai, a bronca não foi para mim, mas achei por bem assimilá-la. Está certo que esta crônica é meio fraquinha, mas ela não vai deixar insone o leitor que chegou até aqui.

 

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