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NÓS, OS MOURA LIMA

por feldades, em 25.04.23

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A foto acima foi tirada enquanto nós, os Moura Lima, estávamos reunidos na varanda de nosso saudoso pai. Foi neste espaço que papai viveu o melhor de suas horas desde que a velhice lhe tocou o ombro. Aqui o patriarca usava suas redes sociais, fazia palavras cruzadas, ouvia rádio, jogava baralho com as netas, recebia os amigos para tomar café, proseava e tirava um cochilo num velho sofá. É nesta varanda que a família sempre se reúne para refeições, preces e até uma espécie de sarau musical, que vez ou outra acontece. Por tudo isso, este modesto anexo da casa tornou-se para nós um espaço sagrado, quase um templo.

 

A iniciativa do nosso encontro começou assim. No dia seguinte à despedida do papai, nós nos reunimos para acertar coisas pendentes e decidir quais caminhos trilharíamos a partir de então.  Naquela ocasião, eu propus que se fizesse uma reunião anual com todo o ‘clã Moura Lima’. Todos aceitaram a minha sugestão, mas, como sempre, não faltaram alguns tropicões. E, entre convergências e divergências, uma data foi provisoriamente acertada. Tempos depois a data foi alterada a fim de que todos pudessem comparecer. E assim aconteceu, apesar de grande sacrifício de alguns que tiveram de viajar a noite toda para ficar umas poucas horas com a família, e ainda retornar no mesmo dia, viajando por outra noite inteirinha. Todavia, o esforço valeu a pena e nosso encontro passará a ser uma ‘efeméride’ – segundo a definição de um irmão mais intelectualizado.

 

Então, sob o sisudo cajado do irmão mais velho – cuja primogenitura é exercida por ele com indisfarçável gozo – pudemos experimentar momentos de profunda emoção nesse encontro, havendo lágrimas torrenciais, particularmente quando se rememorou o legado de nosso pai. No entanto, sonoras risadas também puderam ser ouvidas de longe quando um Moura Lima mais engraçadinho desanuviava o ambiente. Já ao fim de nossa “tertúlia”, houve missa concelebrada pelos três irmãos padres e depois o almoço patrocinado pela nossa querida mãezinha, que se encontra enferma.

 

O nosso compromisso é de nos mantermos unidos, conforme exortava nosso velho e bom pai. Contudo, de vez em quando um fio desencapado costuma produzir alguma faísca, provocando um breve curto-circuito no grupo de WhatsApp – problema logo resolvido por um irmão mais habilidoso. Mas é importante ressaltar que temos a fortuna de não encontrar na irmandade ninguém de “gênio forte” – usando aqui uma metáfora um tanto açucarada para “alma cabeluda”. Dessa forma, a nossa convivência se torna mais tranquila sem que isso seja uma virtude dos Moura Lima.

 

FILIPE

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9 comentários

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De Anónimo a 26.04.2023 às 11:30

Esplêndido!
Deus nos conserve!
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De Aureliano a 26.04.2023 às 11:56


Maravilhosa crônica/relato de nosso 2° encontro após a Páscoa do papai. Deus seja louvado pelas oportunidades que ele nos dá todos os dias. E que coloquemos no coração que, tudo o que somos e temos, não é nosso, precisa ser repartido, compartilhado. Não é privilégio, é graça. "Recebestes de graça, dai de graça".
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De Anónimo a 26.04.2023 às 17:21

Maravilhoso, um texto onde tem amor, esperança, gratidão e muita solidariedade.
Parabéns família bençoada por Deus e cultivada por você legado de um pai e mãe que soube direcioná-lo no caminho certo.
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De Anónimo a 28.04.2023 às 01:15

Que delícia de texto, Filipe! Como sempre, descreve tão detalhadamente as 'cenas'... me vi participando desse encontro memorável.
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De Maria Araújo a 29.04.2023 às 13:35

Muito bom.
Qual de entre estes homens é o senhor Feldades?
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De feldades a 05.05.2023 às 14:14

O senhorzinho de chapéu.

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