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ODE À BANANEIRA

por feldades, em 02.05.14

O título é banal, como banal é o cronista e seus escritos. Mas, após uma conversa com um amigo, não poderia deixar escapar a oportunidade de prestar um tributo à bananeira.

 

Não muito antigamente, qualquer casinha rural tinha um quintal onde se viam algumas árvores e uma pequena e providencial moita de bananeiras. Além de sombra e frutos, a bananeira oferecia confortável privacidade ao camponês em horas apertadas, ou seja, quando ele precisava “amarrar o gato” – espero fazer-me entender sem mais explicações. Não gostaria de entrar em detalhes da vida campesina, mas o citadino leitor não pode ficar desinformado e saberá o quão importante fora aquele matinho para a população rural do passado.

 

Por outra razão, de uns tempos para cá cismei de querer plantar bananeiras. Banheiro não me tem faltado – para as minhas necessidades, o que tenho dá com sobra. O que não me sobra é tempo de vida para ver crescer uma mangueira, abacateiro ou outra árvore frutífera de caule lenhoso. Algumas dessas costumam levar décadas para que se tornem adultas “de respeito”. Já uma bananeira cresce rápido. Planta-se hoje e com poucos meses já está parindo um lindo coração, que nasce roxo e se arregala mostrando suas infrutescências, culminando em cobiçado cacho de bananas. E que mais tarde se tornam amarelas que nem gema d’ovo, e tão doces feito melado de rapadura. Nem precisa envelhecer para ver crescer e frutificar um pé de banana, pois é tudo muito rápido. Que maravilha!

 

Nesses tempos de racionamento, de torneiras secas, seria oportuna uma campanha institucional em todas as mídias sobre plantação de bananeiras. Nos tempos antigos da roça, sem banheiro, nenhuma gota d’água era desperdiçada com a descarga do monturo. A coisa ficava ali, embaixo das bananeiras, até que uma galinha, em seu rotineiro passeio e sem muito que fazer, dava de encontro com o banquete. Por vezes, era o porquinho que chegava expulsando a penosa e papando tudo em duas ou três bocadas, dependendo, é claro, da fartura. E, numa piscadela, tudo ficava limpinho e pronto para o próximo da fila.

 

Quando falo da serventia de uma bananeira, não brinco. Falo sério, e D. Pedro I, aquele que nos deu a Independência, não me desautorizaria. Por ocasião do famoso “Grito”, contam os historiadores, o Imperador estava mal das tripas. De vez em quando parava a tropa, e seus auxiliares formavam uma parede humana no seu entorno para escondê-lo durante o serviço. Também Stalin, o todo-poderoso líder russo, passou por apertos e usou de expediente semelhante ao do português Pedrinho. Caso houvesse bananeiras por perto...

 

Um amigo, durante caminhada pela cidade, viu-se em apuros. Apressou o passo para chegar à sua casa, mas a coisa só piorava e o jeito foi entrar num boteco. Chegando, foi direto ao banheiro, mas aquilo era só mictório. Não havendo vaso sanitário, olhou para os lados, e nada. Já “em chamas”, viu num canto um balde com um pouco de água e um pano, que a faxineira teria deixado ali para depois terminar a limpeza. Beleza! Foi no balde mesmo. Ele não me contou, mas acho que o pano também lhe serviu. Embora aliviado, saiu de fininho e vazou ligeiro, pois a mulher o aguardava impaciente, querendo terminar o serviço.

 

Não disse que uma bananeira faz falta?! 

 

FILIPE                                                                                  

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